“Cerveja, pão, queijo, batatas e um belo pernil bem
suculento. E não demora!” – fala um ansioso Goulash para um atendente da
estalagem Unicórnio Prateado. E satisfeito empurra a cadeira em que está
sentado para trás, equilibrando-a apenas nas pernas traseiras.Os heróis hospedaram-se na Casa do Unicórnio prateado, que fica próxima ao Portão do Cavaleiro e em frente a estrada que leva ao Forte Pedraluna. A barganha por bons preços foi difícil, mas conseguiram quartos individuais com banho quente por 2 po. A estalagem foi considerada por muitos anos, o “Orgulho de Queda Escarpada”, cobrando preços altíssimos pelo serviço atencioso e quartos bem arrumados. Com a guerra e também com a abertura da Estalagem Nentir, os preços tiveram que ceder, para desagrado da matriarca halfling mal humorada chamada Wisara Ostreira.
Durante o jantar, conversam sobre amenidades e contam histórias que vivenciaram antes de estarem na mesma companhia. Experiências de várias regiões de Iggspur e além. Algumas divertidas, outras nem tanto. Mas que fortalecem a amizade entre eles.
Lá pelas tantas, Gilkan percebe a entrada na estalagem de um humano já idoso. Ele entra apoiado em um cajado e senta-se em uma cadeira de encosto alto que fica bem próxima à grande lareira do salão. Mesmo sem pedir nada, um dos atendentes leva uma taça de ferro para aquele senhor. Curioso, quando o atendente passa próximo à mesa, Gilkan pergunta quem é o homem e descobre que seu nome é Valthrun, o Presciente. É um grande sábio da vila, estudioso e o mais antigo escriba do Lorde.
Ávido por histórias e conhecimento, o tiefling aproxima-se do velho.
“Boa noite, Sr. Valthrun. Posso sentar-me aqui para conversarmos?”
O sábio olha calmamente para Gilkan e após um momento gesticula positivamente com um leve sorriso. O Tiefling puxa uma cadeira para perto e senta-se com seu caneco de cerveja.
Um momento de silêncio e Valthrun questiona:
“E então, o que um Tiefling gostaria de conversar com este velho?”
“Ah, claro, desculpe-me. É que eu estava apenas pensando... bem...”
“sim?” – questiona o velho e toma um gole do que parece ser vinho.
Gilkan, meio nervoso, sem entender bem o porque, continua. “Estamos longe de nossas casas, e chegamos à Queda Escarpada hoje. Bem, o atendente me disse que o senhor é um antigo sábio da vila, daí pensei que pudesse aprender algo sobre a região com o senhor.”
“E quem quer tais informações? Com que finalidade?” – Valthrun fala sem desviar o olhar das chamas da lareira.
“Ahn... hehehe... desculpe, eu sou Gilkan. Vim de Zanthar, na fronteira leste de Iggspur. Estou com meus amigos ali, naquela mesa. Viemos a Korzus cumprir uma missão para nosso patrono e agora retornamos ao nosso lar. Mas temos um assunto a resolver aqui em Queda Escarpada também.” – fala o Tiefling meio sem jeito, escolhendo as informações que quer passar para ganhar a confiança de Valthrun, sem, no entanto, revelar muito.
E o diálogo entre os dois vai se estendendo ao longo das horas. Mâsh e Goulash dormem com as cabeças apoiadas na mesa. Bêbados demais para irem para suas camas. Kracius, Northolt e Paella recolhem-se aos quartos e já dormem quando, dentre as histórias, o velho estudioso discursa sobre uma possível expedição que pode interessar os heróis.
“Vocês já ouviram as lendas da Montanha da Espiral do Trovão?” – pergunta o sábio, com os olhos brilhando de entusiasmo. Definitivamente Gilkan tinha ganhado sua confiança e simpatia.
“Não senhor! Que segredos esta lenda guarda?” – responde Gilkan.
“As histórias contam que uma grande cidade construída por minotauros nos dias antigos reside nos confins da montanha. Se vocês buscam por aventuras então que tal explorarem as ruínas e trazer de volta contos maravilhosos sobre o que viram? Isso deixaria um bode velho como eu muito feliz. Já pensou como esse lugar deve ser estranho? Imagine os tesouros de épocas remotas que ainda devem existir!” – ele completa com grande excitação na voz.
Gilkan sente aquela chama de curiosidade se acender. Sua
veia aventureira desperta com aquela lenda, com as possibilidades de tesouros,
artefatos e principalmente de conhecimentos antigos que estão perdidos a Eras.
Ele afirma que no dia seguinte irá procurar pelo sábio.



